Uma simples gripezinha? Cada vez mais estudos apontam para sequelas da Covid-19. É o caso de uma pesquisa publicada pela revista científica The Lancet nesta sexta-feira (27), que afirma que cerca de metade das pessoas infectadas relatam sintomas um ano depois de terem desenvolvido a doença.
A pesquisa avaliou 1.300 pacientes que obtiveram alta entre janeiro e maio de 2020 no hospital de Wuhan, na China, considerada como o epicentro da pandemia de Covid-19. A metade deles “sofre ainda de ao menos um sintoma persistente – mais frequentemente cansaço ou fadiga muscular“, diz a publicação.
Além disso, “um paciente a cada três apresenta dificuldades para respirar” doze meses após a infecção. Esses números são ainda mais altos entre os pacientes que desenvolveram formas severas da Covid-19 e tiveram que ser levado para as UTIs. Entre os que apresentaram uma diminuição da capacidade de difusão pulmonar (avaliação da habilidade de transferência de oxigênio e dióxido de carbono entre os pulmões e o sangue) nenhuma melhora foi observada um ano após a contaminação.
O estudo também aponta para o impacto psicológico nesses pacientes. Entre o público analisado, 26% desenvolveram sintomas de ansiedade e 23% depressão. Apesar disso, 88% dos doentes que tinham um trabalho antes de contrair a Covid-19 voltaram para seus cargos um ano depois.
Os autores salientam que as mulheres tem 43% mais chances de sofrer de cansaço ou fadiga muscular persistente, e duas vezes mais possibilidades de ter ansiedade e depressão diagnosticada. São elas também as mais atingidas pela diminuição da capacidade de difusão dos pulmões.
Tratamentos a longo prazo
O estudo é o primeiro que analisa as sequelas da doença um ano depois da contaminação. Os pesquisadores também fazem um alerta às autoridades de diferentes países sobre a necessidade de seus sistemas de saúde se prepararem para tratamentos de longo prazo aos pacientes infectados pelo vírus.
“A Covid longa é um desafio médico de primeira ordem”, afirma a Lancet em um editorial publicado junto com a pesquisa. O texto também faz um apelo por mais pesquisas para compreender os mecanismos e para cuidados específicos aos pacientes que sofrem com os sintomas da doença durante meses.
Fonte: G1