Os passos para se chegar ao diagnóstico de uma doença degenerativa podem ser numerosos e complexos. Muitas vezes, é um primeiro sintoma que indica que algo precisa ser mais bem investigado no paciente. De acordo com a psicóloga Sirlene Ferreira, existem muitos fatores que colaboram para o diagnóstico preciso.
“[As doenças degenerativas] estão relacionadas aos aspectos genéticos, fatores ambientais, má alimentação e sedentarismo”, ela explica. “Por isso, nós, profissionais da saúde, insistimos tanto em conscientizar a população sobre uma qualidade de vida que inclua uma rotina com atividades físicas e boa alimentação.”
Mal de Alzheimer, diabetes, mal de Parkinson, esclerose múltipla e distrofia muscular são exemplos de condições que agravam o quadro do paciente com o passar do tempo e são irreversíveis, sem cura até o momento. Apesar disso, existem tratamentos possíveis, com o objetivo de facilitar a vida após a descoberta da doença.
Os cuidados mudam de acordo com o diagnóstico e com a intensidade das funções metabólicas celulares que foram perdidas, afirma o médico neurologista e patologista muscular Beny Schmidt, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O médico recomenda a seus pacientes fazer acompanhamento com especialistas em reabilitação humana, para tentar recuperar as funções dos diversos órgãos que venham a ser afetados.
Acompanhamento profissional é de grande importância, pois pacientes degenerativos podem passar a agir de forma inesperada. “Existe algo que se chama anosognosia, que é a falta de percepção do paciente em meio às dificuldades”, diz Daniela Coelho, neuropsicóloga e especialista em neurologia e neurocirurgia. “Essa condição pode colocá-lo em situações de risco, como sair de casa e não encontrar o caminho de volta, por exemplo. Por isso, é muito importante a orientação profissional e o acompanhamento da evolução do quadro.”
Prevenção e rotina
Em 50% dos casos de Alzheimer, a doença teria sido barrada por hábitos de vida mais saudáveis, alerta a neuropsicóloga.
De acordo com ela, uma análise de mais de 44 mil artigos científicos caracterizou, em 2020, dez fatores modificáveis para diagnósticos degenerativos, entre eles: IMC (índice de massa corpórea), diabetes, baixa escolaridade, hipertensão, hipotensão ortostática, traumatismo cranioencefálico, baixa atividade cognitiva, estresse e depressão. Com menor nível de evidência, também foram listados: obesidade na meia-idade, perda de peso na idade avançada, falta de atividade física, tabagismo, alterações no sono, doenças cerebrovasculares e fibrilação arterial.
Coelho reforça a necessidade de acompanhamento emocional e comportamental no tratamento, que pode ser ampliado com cuidados multiprofissionais, envolvendo educador físico, nutricionista, geriatra, neurologista, musicoterapeuta e psicoterapeuta.
Ela sugere algumas tarefas que ajudam na rotina entre pacientes e cuidadores:
– manter o ambiente organizado, com lugares fixos para os objetos mais utilizados
– manter a rotina com horário fixo
– usar relógio, calendário, agenda e planner semanal colabora para estimular a autonomia do paciente.
Leitura e jogos
Práticas como leitura de livros e assistir a filmes e séries são indicados para o cotidiano pós diagnóstico porque podem estimular a memória. Jogos são um incentivo para a socialização e devem ser considerados. A psicóloga Sirlene Ferreira recomenda também a música como um caminho terapêutico. “A música, por exemplo, nos traz aconchego e calma. É interessante criar uma playlist agradável para que o paciente curta aquele momento”, ela diz.
“O contato com a natureza e os animais também é importante, assim como visitas de familiares e amigos”, ela indica.
“Os pequenos gestos de afetos fazem muita diferença na qualidade de vida de todos nós, principalmente de pacientes. Então, sempre que possível, demonstre carinho.”
Fonte: UOL